O tempo morre comigo
Como colher em sonhos
Um pedaço do vermelho crepúsculo!
Como colher com pinças o inquieto
E guardá-lo em segredo numa urna!
Quem projectará a maquinaria, cruel dispositivo
Bisturi cirúrgico de precisão extrema?
Captura-me esse troço da branca alvorada
E deste ensanguentado crepúsculo que me queima as retinas
Como surpreender a nuvem com certeiro bisturi
E proceder a pequenas incisões no seu coração!
Quero ver o que sai das nuvens feridas de morte
Eu estou ferida de morte
E verto sal e lágrimas
A dor por detrás das minhas pálpebras
Diz-me que o tempo morre comigo
E a minha urna está vazia
De alvores, ocasos e nuvens
Nuria Ruiz de Viñaspre
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