< Miradouro da alma

17 março 2006




Sê devastador e violento como a tempestade
ao abrir as gavetas, ao depor sobre a mesa
nenhuma razão que outros conheçam. alimenta-te
de mim e de ti, guarda as fotografias em paredes
brancas onde nenhuma ave se demore,

abre-me as feridas, as mais recentes e as antigas.

Sê brando e lento como as manhãs de dezembro
ao desfazerem-se em neve, esquece os recados,
os pequenos delitos escondidos em segredo.
os telhados abrigam-nos da maledicência, do azar,
daquilo que o tempo gasta em passar sobre nós.

leva-me assim, como um acidente entre os dedos.

Sê luminoso e intenso, ó meu amor, retrato escondido,
colecciona os declives, ensina-me essa geografia,
sê inocente e puro, mesmo que a noite interrompa a vida
e a nossa pele estremeça. deixa que bebamos
apenas se o prazer magoar onde nasce a sede,

fala-me de mim e de ti, se nos sentarmos mas dunas.


Francisco José Viegas

1 Comentários:

Blogger Jean escreveu...

Cette marguerite est extraordinaire !
Comment avez vous fait pour qu'elle semble si présente !
magnifique !

18 março, 2006 12:09  

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