< Miradouro da alma

07 fevereiro 2006




Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?

Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.

Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...


Fernando Pessoa

1 Comentários:

Blogger Francesca escreveu...

Que saudades tinha eu de reler Pessoa..o maravilhoso...

:)

Obrigada pelas palavras que partilhaste no meu cantinho, não as conhecia, e adorei-as ao primeiro momento, ao primeiro toque que fizeram da mha pele.

Beijo

08 fevereiro, 2006 00:38  

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