< Miradouro da alma: Introspecção

11 janeiro 2006



Introspecção


Quantas vezes, no escuro,
Procuras o conforto de Morfeu
Mas o sono não te acompanha
E a noite avança e avança
E lanças o olhar nas trevas
Procurando o bálsamo
Que te cure as tormentas
E uma lágrima corre
E queima e fere-te a face
Num rio amargo
Numa dor lancinante
Afogando-te a alma.
Durante tanto tempo
Enganaste o dia e
Enganaste os sonhos
Enganaste o mundo
Enganaste-te a ti...
Quantas vezes, na obscuridade,
Te encontraste
Face a face, só contigo
E te perguntaste
O porquê deste existir
O porquê de os sonhos se perderem
O porquê das ilusões que se esfumaram
E das desilusões que não querias
O porquê de amar e
O porquê de sofrer
E no fim...
No fim, apenas porquês restam
Ocos, devolutos,
Simplesmente e só: porquês.
Quantas vezes, no escuro,
Te repetiste mil vezes,
Na convicção que mil vezes
Seriam suficientes
Para tornar o logro real
E a ilusão verdade
E o mundo teu
E a dor fosse Amor.

Mil vezes foram
Mas de nada servem:
A mentira nunca será verdade
Nem o mundo alguma vez só teu
Já nem o teu todo é teu
E da dor, somente sabes,
Que nasce do Amor.
Quantas vezes e vezes
Te perdeste
Sem saber
Como te encontrares
E te envolveu a bruma,
Abraçaste a noite
E então caminhaste sobre as águas
E apetecia-te o azul fundo,
Bem fundo, sem volta.
Agora já nada vês,
Não é importante,
Não que saibas, de verdade,
O que importa
Olhas e restas assim
Num nada imenso
De escuridão
Assim
Sem mais
Sem mais nada






TU.


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